Bem vindo bandolinista!
Você já deve ter se perguntando:
“Que parte é essa do bandolim que a Grande maioria dos bandolinistas por aí não encontra nos bandolins tradicionais?”
Pois é!
O cara no Brasil, que começou a modernizar a construção do nosso bandolim brasileiro e com isso, começou a ser seguido criando uma tendência, foi o luthier de Jacareí/SP, Regis Bonilha.
Quando o conheci, lá em 2014, começamos a trocar ideias sobre coisas que o bandolim poderia aproveitar de outros instrumentos e sobre coisas que precisavam evoluir no nosso bandolim brasileiro.
O Regis é um cara muito estudioso da lutheria, muito inteligente e acima de tudo, muito criativo e inventivo. Ele não tem medo de fazer novas experiências e ver no que vai dar, em qual resultado vai chegar.
Bom ou ruim, tudo é uma evolução e aponta uma nova direção a seguir. Essa é a filosofia do trabalho dele!
Com isso, desenvolvemos por exemplo, um bandolim com tampo “double top” e com uma combinação de madeiras pouco usual aqui no Brasil: Caixa em maple (aquela madeira clarinha, a mesma dos bandolins do Jacob) e o tampo de Cedro canadense (aquela madeira mais avermelhada, geralmente combinada com os instrumentos com tampo em jacarandá).
Vejam o instrumento que mencionei aqui embaixo:
Este foi o melhor bandolim que já tive.
Infelizmente, deixei a música de lado entre 2018 e 2024 e por causa disso, acabei vendendo este bandolim para um aluno meu que mora na China.
Se pudesse voltar no tempo eu não venderia!
De toda forma, em 2021 eu recebi um novo bandolim do Regis Bonilha, este já com outra experiência que foi a utilização da escala ‘FAN FRET’, essa escala enviesada, onde os trastes ficam ‘tortos’.
Esse é um tipo de construção da escala já bem difundido no violão clássico e os dois objetivos para posicionar os trastes dessa maneira são:
- Melhorar a afinação geral
- Melhorar a tensão das cordas mais graves
Por isso mesmo é que resolvemos experimentar no bandolim 10 cordas, já que no meu caso, utilizo corda de nylon no 5º par e de uma forma geral, a 5ª corda do bandolim de 10 é sempre bem desafinada quando se utiliza corda de aço e também, por conta do tamanho do bandolim em relação ao calibre da corda, ela não soa tão bem quanto num violão onde a escala é bem mais comprida e a tensão da corda fica bem melhor.
O objetivo da escala ‘FAN FRET’ é aumentar o tamanho da escala na região das cordas mais graves, melhorando a tensão, melhorando também a afinação de modo geral.
Veja uma foto do meu bandolim atual, também feito pelo Regis Bonilha :
Bom, mas o assunto aqui não é sobre escala ‘FAN FRET’ mas sim, sobre o ‘ARM REST’, não é mesmo!?
No final das contas, tudo está relacionado à modernização da construção do bandolim brasileiro, contudo, escolhi falar sobre o ‘ARM REST’ por que ele traz alguns benefícios bem legais pra nós bandolinistas.
CONFORTO AO TOCAR
O termo ‘ARM REST’ vem da língua inglesa e significa, numa tradução livre, um ‘DESCANSO DE BRAÇO’.
Se você observar, ele fica numa região aonde você apoia o braço na lateral/tampo do bandolim enquanto está tocando.
Como ali na junção da lateral com o tampo, se forma uma quina, um cantinho com uma curva bem acentuada, acaba que é um pouco incômodo apoiar o braço ali por muito tempo.
Com a aplicação do ‘ARM REST’ naquela região, você obtém um conforto muito grande, uma vez que a peça de madeira utilizada ali tem uma curvatura, um arredondamento das bordas, conferindo muito conforto.
Isso vai te permitir tocar por horas sem ter nenhuma dor na região do braço que fica em contato com o bandolim.
Esse conforto te permite não apenas tocar mais tempo sem cansar o braço, como permite de forma geral, tocar melhor uma vez que sua atenção não fica no incômodo do braço em contato com o tampo do bandolim.
Claro que não podemos generalizar!
Para algumas pessoas vai incomodar mais do que pra outras. Isso é norma!
O importante é que observei que, de uma forma geral, todos os meus alunos e os músicos que conheço que utilizaram o bandolim do Regis Bonilha com ‘ARM REST’ comentaram ser muito mais confortável e trazer maior desenvoltura ao tocar.
É como você dirigir um carro com direção mecânica, um com direção hidráulica e outro com direção elétrica.
O conforto vai aumentando e te permite dirigir distâncias maiores cansando menos e tornam o ato de dirigir muito mais prazeroso e menos desgastante.
Resumindo: o conforto é um ponto forte desse incremento na construção do bandolim.
Acima, no detalhe, o ‘ARM REST’ no bandolim 10 cordas.
PROJEÇÃO DE SOM (VOLUME DO BANDOLIM)
Um outro incremento dos bandolins com ‘ARM REST’ são a projeção de som que é maior.
Esse é um detalhe que acrescentam, e muito, na sonoridade acústica do bandolim, seja ele de 8 ou de 10 cordas.
O que acontece é que o ‘ARM REST’ fica colado na lateral da caixa e não no tampo!
Sobre o tampo, o ‘ARM REST’ fica flutuando, ou seja, o seu braço não encosta mais no tampo quando você está tocando.
Você descansa o braço sobre o ‘ARM REST’ e este por sua vez, está colado na lateral, deixando o tampo 100% livre para vibrar.
Com isso, tanto a projeção de som do teu bandolim, quanto o timbre e, principalmente, o ‘sustain’ vão aumentar/melhorar!
“Mas o que é ‘sustain’, professor?
O ‘sustain’ é o tanto que uma nota fica soando após você toca-la no instrumento.
Pensa comigo na mecânica de um instrumento de cordas como o bandolim, o cavaquinho ou o violão:
Você estica as cordas para elas ficarem tensionadas;
Você percute essas cordas para que elas vibrem;
As ondas dessa vibração entram pela boca do bandolim, batem no fundo (madeira dura) e voltam em direção ao tampo (madeira fina e mais maleável) fazendo-o vibrar e amplificar o som.
Essa é a mecânica de um instrumento de cordas, explicando de uma maneira bem fácil de entender.
Agora que você sabe que o responsável pelo som gerado, pelo quanto volume esse som tem e do tanto de tempo que esse som fica soando no ambiente, é a vibração do tampo do bandolim, imagina você tocando e apoiando o braço o tempo todo sobre o tampo.
Será que o tampo irá vibrar mais, ou menos, com algo segurando ele?
Menos, né!
Com isso, além de vibrar menos, de ter menos projeção de som, menos volume, o som dura menos a cada nova, quando o seu braço está apoiado no tampo, mesmo que minimamente.
Já com o acréscimo do ‘ARM REST’ isso não acontece mais!
O seu braço fica descanado sobre o ‘ARM REST’ que está colado nas laterais do bandolim (que não vibram), deixando o tampo livre pra soar mais e por mais tempo.
E esse é um ótimo ganho para a qualidade da sua sonoridade como bandolinista.
Se me perguntar hoje se prefiro um instrumento com ou sem o ‘ARM REST’ , certamente eu prefiro com ele!
“E quanto à parte estética, professor?”
Bom, aí é uma questão de gosto e isso é individual de cada um e não dá pra entrar no mérito!
Agora, se você me perguntar se eu prefiro um instrumento digamos, “menos bonito” que soe melhor, ou um mais bonito que não soe tão bem… eu fico com a primeira opção sem sobra de dúvidas.
É aquela coisa né: o objetivo de ter um bom instrumento é fazer música com a maior qualidade possível e não, aparecer na foto! rsrsrsr
Mas é claro que o ideal, até por se tratar de um investimento considerável quando se trata de um instrumento feito à mão por um bom luthier, que ele soe muito bem e ainda, seja muito bonito.
Veja abaixo a imagem do ‘ARM REST’ num bandolim de 8 cordas, aliás um grande bandolim de 8 cordas, feito também pelo luthier Regis Bonilha que hoje, na minha opinião, é o que faz o melhor bandolim do Brasil.
Veja que nesse caso, o ‘ARM REST’ é mais discreto:
Assista ao vídeo abaixo e veja a aula aonde te mostro em detalhes o ‘ARM REST’ e suas utilidades.
Não esqueça de deixar um comentário dizendo o que você mais gostou dessa aula, aqui no final da página. Pra gente, é muito importante ouvir você!
E aí, bora tocar?